Abu magoou aquele coração e com a mágoa foi uma camada de
gelo, uma camada espessa que impedia o
coração de sentir, de amar, impedia também de ser feliz ...
O coração acostumou-se daquela forma, começou a achar cômodo
e bom, ele não perturbava mais os olhos com suas emoções, os olhos por sua vez acomodaram-se
a não mais chorar, coração também achou melhor não mais opinar, assim não
estragaria tudo, deu o cargo totalmente ao cérebro, que por sua vez acomodou-se
a fazer todo o trabalho sozinho, mas o cérebro não sabia mexer com o amor, esse
por sua vez adormeceu dentro do gelo junto ao coração.
Um dia de dentro do gelo o coração conheceu Dahara, em um
erro crucial Dahara aproximou-se demais do coração, esquentando o gelo, que derreteu...
O primeiro sinal do gelo derretido foi sentido pelos olhos, que a muito não
sabia quão estranha era aquela sensação, o corpo quase entrou em estado de
alerta, o que era aquilo? Como identificar se era bom ou ruim? O coração não
experimentava há tempos a sensação de liberdade, como uma criança fora do útero,
ele sentia-se agora. Como agir? Como agir? Tudo já era tão cômodo sem a maioria
dos sentimentos. E agora? E agora? O cérebro sentiu-se amedrontado, quem cuidaria
do coração? Abu havia ido embora.
Coração voltou a sentir, mas não sabia se era feliz, nem sabia se amava, nem sabia se podia amar Dahara, coração tinha medo, medo de viver fora do gelo, medo de voltar para o gelo, medo de amar e medo de ser feliz...
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